04 maio 2008

O "Polvo Gigante" segundo Júlio Verne


“Olhei também e não consegui reprimir um movimento de repulsa. Diante dos meus olhos, agitava-se um monstro horrível, digno de figurar nas lendas teratológicas. Era um calamar de dimensões colossais, com oito metro d
e comprimento. Avançava às arrecuas com extrema velocidade em direcção ao Nautillus, que fixava com os seus enormes olhos verde-mar. Os seus oito braços, ou antes, os seus oito pés, implantados na cabeça, que valeram a estes animais o nome de cefalópodes, tinham um desenvolvimento duplo do corpo e contorciam-se como a cabeleira das Fúrias. Viam-se distintamente as duzentas e cinquenta ventosas dispostas na face interna dos tentáculos, sob a forma de cápsulas semiesféricas. Por vezes, as ventosas colavam-se ao vidro do painel. A boca do monstro, um bico córneo semelhante ao bico de um papagaio, abria-se e fechava-se verticalmente. A língua, substância córnea, armada com varias fiadas de dentes agudos, saía trémula daquela verdadeira guilhotina. Que fantasia da natureza! Um molusco com bico de ave! O corpo, fusiforme e bojudo no meio, formava uma massa carnuda que devia pesar vinte a vinte e cinco mil quilos.”



20.000 Léguas Submarinas, by Júlio Verne, adaptado

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