14 março 2008

O Problema da Prova

Os nossos oponentes costumam dizer: “quando nos mostrares um cadáver, então acreditaremos”. O problema não tem origem em “acreditar ou não acreditar”. Por acaso um físico acredita nos átomos? Na realidade, o problema tem origem na natureza da prova. Como assinalou Bernard Heuvelmans, só há três tipos de prova: autóptica (a que toda a gente pode ver), a testemunhal (baseada nas afirmações de testemunhas) e a circunstancial (indícios acessórios).

Todo o conhecimento humano é baseado num destes três tipos de prova, predominando a prova do tipo circunstancial e sendo as provas autópicas bastante raras. A existência de partículas sub atómicas, a composição química das estrelas, a estrutura interna da Terra, a evolução das espécies, baseiam-se em provas circunstanciais. O mesmo sucede com a História: a existência de câmaras de gás nazis baseia-se em provas testemunhais (os testemunhos das pessoas que sobreviveram) e provas circunstanciais (por exemplo, a lista de comboios de Auschwitz, a compra de gás Zyklon B a companhias químicas, a construção de urnas crematórias). Na Paleontologia, a ciência dos animais extintos, raramente temos à nossa disposição o animal completo (com excepção dos mamutes que se conservaram congelados no permafrost - solo permanentemente gelado - da Sibéria ou os insectos capturados no interior de âmbar amarelo do Báltico): o mais normal é possuirmos apenas alguns fragmentos do osso, e, ás vezes, unicamente as pegadas do animal (Chirotherium).

Sem dúvida, a Criptozoologia e a Paleontologia são disciplinas relacionadas com a Zoologia; o seu objecto de estudo são os animais “ocultos” (tanto no espaço como no tempo), dos quais só possuímos um conhecimento fragmentário e cuja existência se baseia em provas circunstanciais. Os retratos robots dos animais misteriosos que a Criptozoologia estuda são tão verosímeis como podem ser as reconstruções de animais pré-históricos. E, finalmente, um paralelismo mais, é que a Criptozoologia estuda a possível sobrevivência de animais que supostamente se extinguiram em épocas geológicas passadas. Alguns dirão que a Criptozoologia não avança, que não deu nenhum fruto, o que não é verdade. Mas se a Criptozoologia não tivesse contribuído para o descobrimento de nenhuma forma animal desde que se tornou ciência, qual seria o problema? A Exobiologia, o estudo da vida extraterrestre, é considerada uma ciência, ainda que até ao momento não se tenha descoberto nenhuma forma de vida fora do nosso planeta.

Adaptado da Sociedad Española de Criptozoologia

Texto original de Michael Raynal

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