03 março 2008

LOBO DA TASMÂNIA


O Thylacinus cynocephalus, simplesmente conhecido por Lobo-da-Tasmânia, Tigre-da-Tasmânia ou tilacino, é um marsupial carnívoro original da ilha da Tasmânia, a sul da Austrália, e da Nova-Guiné.

Apesar do seu nome, o tilacino não está relacionado nem com os tigres (família dos felinos), nem com os lobos (família dos canídeos), provindo sim, da infraclasse dos marsupiais.

Vivendo num continente relativamente afastado de todos os outros, o tilacino rapidamente se tornou no predador do topo da cadeia alimentar, naquele frágil ecossistema. No entanto, com a introdução de cães domésticos, trazidos pelos colonos asiáticos, os actuais dingos, o equilíbrio ecológico sofreu um grande abalo, e a espécie foi obrigada a migrar para a ilha da Tasmânia, livre da concorrência dos dingos. E foi na sua nova e última casa que encontram o derradeiro inimigo: o Homem.

Perseguidos até à extinção pelos colonos britânicos, por serem considerados uma ameaça para os rebanhos, pensa-se que o último tilacino morreu no Jardim Zoológico de Hobart a 7 de Setembro de 1936.

Fisicamente, o Lobo-da-Tasmânia possuía forma e tamanho semelhantes ao dos cães podengo, focinho comprido e afilado, orelhas erectas e pontiagudas. No dorso, tinha listas pretas verticais, como que lembrando as de um tigre. De acordo com a anatomia comparada, o Lobo-da-Tasmânia é um dos mais espectaculares exemplos da evolução convergente em mamíferos, devido às suas semelhanças com os canídeos. Até mesmo a estrutura craniana é semelhante, diferindo apenas em pormenores relacionados com a dentição. Esta parecença deveu-se ao facto de os tilacinídeos terem preenchido o nicho ecológico que era ocupado pelos canídeos noutras partes do mundo, tendo-se adaptado a um ambiente semelhante, acabando por adquirir adaptações similares.

Foi no fim da última Idade do Gelo (fim do Pleistocénico e início do Holocénico) que o moderno tilacino se espalhou pela ilha da Austrália, chegando mesmo à Nova Guiné.

Desde 1990, pelo menos sete diferentes espécies de tilacinos forma descobertas, sendo o Nimbacinus dicksoni o mais antigo (remonta a 23 milhões de anos atrás). Dessas sete espécies, o Thylacinus potens (tilacino potente -a maior espécie de tilacinos conhecida)) foi o único a sobreviver até ao Miocénico, originando depois, a espécie moderna.

Apesar das semelhanças físicas, o tilacino e os canídeos apenas possuíam uma coisa realmente em comum: ocupavam o mesmo lugar destacado nas cadeias alimentares dos seus ecossistemas. Lugar esse que nunca fora ameaçado até ao aparecimento dos cães selvagens, vindos da Ásia, trazidos pelos primeiros colonos, há cerca de 10000 anos atrás.

Sendo um caçador activo, o tilacino alimentava-se maioritariamente de pequenos animais, como algumas espécies menores de cangurus, equidnas, wombats e algumas aves, mas por vezes, em casos mais extremos, chegava a comer carne de animais mortos. Os cães selvagens, com uma constituição física bem mais possante que o tilacino, conseguiam alimentar-se de uma maior quantidade de presas, muitas delas fazendo parte da parca dieta do Lobo-da-Tasmânia. Assim, os invasores canídeos possuíam uma relativa vantagem sobre o marsupial nativo.

Como marsupiais que eram, as crias dos tilacinos eram muito mais frágeis à nascença do que as dos seus mais directos adversários, havendo uma grande vantagem a favor dos invasores
caninos.

Assim, não conseguindo competir de igual para igual com a crescente população de cães selvagens (chamados dingos), os tilacinos migraram para sudeste, até à ilha da Tasmânia. Aí permaneceram relativamente seguros, longe da competição com os dingos, até à chegada dos primeiros colonos europeus, no século XVIII.

Numa época em que poucos se importavam com a natureza, qualquer espécie, herbívoro ou carnívoro, que parecesse ameaçar a agricultura e criação de gado, era considerada uma praga, e por conseguinte, um entrave ao "progresso". À desflorestação de grandes áreas para serem utilizadas como pastos para a criação de rebanhos, seguiu-se a perseguição dos tilacinos, injustamente acusados do crime de atacar os extensos rebanhos de ovinos.

O próprio governo dava avultadas recompensas pela captura desses "caçadores de ovelhas", e assim a espécie foi brutalmente perseguida. Os indivíduos vivos eram vendidos a jardins zoológicos por todo o mundo, enquanto que os mortos eram trocados pelas recompensas oferecidas pelo governo.


Tudo isto, aliado a uma misteriosa e súbita doença que assolou a espécie, levou a uma drástica diminuição dos seus números. Por volta de 1914, mais de 2000 lobos-da-tasmânia tinham sido massacrados e a espécie continuou a diminuir em número até se extinguir, por fim.




Sabe-se hoje, que último indivíduo da espécie (Benjamin) morreu na noite de 7 de Setembro de 1936, devido ao tempo que esteve exposto ao ar gélido que se fez sentir naquele Inverno, no jardim zoológico de Hobart, Tasmânia.

Ironicamente, foi nesse mesmo ano que os tilacinos receberam, por decreto de lei, protecção do governo. Benjamin, o último Lobo-da-Tasmânia, foi o primeiro a receber o estatuto de protegido pela Lei.

Apesar de ser oficialmente considerado extinto, não têm sido poucas as tentativas de encontrar espécimenes vivos. De facto, recentemente, muitas expedições têm sido enviadas em busca de sobreviventes, mas sempre que regressam nada de novo têm a acrescentar. Mesmo assim, ao longo de todos estes anos também tem havido várias pessoas que afirmam ter avistado um espécimen vivo.

2 comentários:

Chama da Vida disse...

Coleguinhas!
Boa sorte para o blog, e no fim do ano vão ter muito que nos explicar sobre este tema que diga-se de passagem, tem um nível de interesse bem alto :)

Beijinhos *

Anónimo disse...

muy buen post